a princípio, a ideia era parar.
eu estava no meio de uma tempestade de areia, daquelas que a gente vê em filmes (talvez um pouco pior). sozinha, angustiada e tentando ficar de pé. só tinha olhos pra sentir os micro grãos de areia fina que batiam e machucavam o meu corpo e minha alma.
não enxergava absolutamente nada ao meu redor. só via (e desejava) a grama do vizinho, que era infinitamente mais verde que meu deserto. o resto? tudo cinza e sem graça.
as vozes de quem estava por perto, soavam como uivos de ventos muito fortes em meus ouvidos. nada do que dissessem me alcançava. nada fazia sentido, e eu não enxergava saída.
foi preciso tempo.
calar e me escutar, entender e aceitar que tudo não passava de uma fase. a mais difícil de todas.
a ideia de parar, era depressão.
sair do lugar e voltar a percorrer meus caminhos, me fez entender que a minha grama é super verde sim. e que estava faltando muita rega e cuidado.
uns pesticidas também (anti depressivo)! era urgente retirar a erva daninha que estava consumindo meu jardim e transformando ele em deserto.
cá estou. cuidando para que ele esteja sempre florido, de forma que transborde em minhas lentes e me permita criar e seguir fazendo o que eu mais amo, sem medo de auto julgamentos e de novas tempestades de areia.
o amor e respeito pelo meu trabalho seguem firmes, cada vez maiores. mas a minha maneira de enxergar o mundo e suas cores está mudada.
que bom.
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nas fotos, Kamila e Bento